Analfabetismo científico

Cientistas, educadores, governantes e a sociedade em geral percebem a necessidade de desenvolver em cada cidadão a capacidade de entender a diferença entre conhecimento científico e outros tipos de conhecimento, o que os americanos chamam de science literacy. A sua a falta é chamada de analfabetismo científico.

Analfabetismo científico

Segundo Renato Sabbatini (1999), analfabetismo científico é “a ignorância sobre os conhecimentos mais básicos de ciência e tecnologia que qualquer pessoa precisa ter para sobreviver razoavelmente em uma sociedade moderna.”

Analfabetismo científico e os fatos pseudocientíficos

A preocupação dos cientistas, educadores e outros é que a ignorância de fatos básicos da ciência produz cidadãos ingênuos, propensos a acreditar facilmente em fatos pseudocientíficos. É importante que fique bem pontuado que estes Fatos Pseudocientíficos, principalmente, atualmente, onde o negaciosismo científico, histórico e moral, são potencialmente prejudiciais as pessoas que divulgam, acreditam, consumem ou deixam de consumi-los, ou seja, à sociedade. Por outro lado, se observarmos os países onde o cidadão bem informado é capaz não só de orientar melhor a sua vida, mas também influenciar, como membro da sociedade, nos rumos da própria ciência.

Em países com alto grau de educação, a comunidade exerce esse poder de influência, por meio do voto e de hábitos de consumo. Assim, como fazem americanos e europeus. Por exemplo, ao boicotarem determinados produtos, protestarem contra a localização de indústrias poluentes. Em seguida, como consequência, elegerem representantes que defendem ou são contra certas pesquisas que revelam ou esclarecem a interação entre pessoas, sociedade, consumo, bem-estar, meio ambiente, desenvolvimento.

Atividade investigativa no ensino

Outro ponto importante levantado por Sabbatini em 1999 e que persiste até hoje (2022) é o ensino de ciência que aprendido antes da faculdade se caracteriza por ministrar conceitos básicos da biologia, química, física etc. Desta maneira, na maioria das vezes estão distantes da realidade diária dos alunos, ou seja, falta de atividade investigativa. De certa forma, pode-se dizer que isso colabora com analfabetismo científico, pois além de distanciar o conteúdo de quem estuda, ainda deixa de explicar o que realmente está ao alcance e acontecendo no dia-a-dia dos indivíduos. Como diz Sabbatini, “são elementos do cotidiano que têm um enorme impacto em nossas vidas e sobre os quais é imprescindível saber alguma coisa…”, exatamente, a grande massa populacional sequer sabe manipular um smatphone, caixas eletrônicos, fazer download/upload, armazenamento em nuvem, hospedagem, servidores, front-end/backend, click bait, criptomoedas etc. (etc. etc. etc.)

A ignorância jamais é socialista

Para finalizar, seguindo a linha de Sabbatini, que continua viva até hoje, o analfabetismo científico e tudo que o acompanha ou deixa de acompanhar é muito preocupante, pois deixa as mentes dos indivíduos expostas a fenômenos como fake News que não tem a menor base científica, mas que reforçam crenças, entregando um grande prejuízo para a sociedade.

Para finalizar, mas com certeza, apenas raspar a superfície do assunto, Carl Sagan em seu livro, O Mundo Assombrado Pelos Demônios, publicou um trecho de uma proclamação de 1994 feita na China, devido ao grande abate de rinocerontes asiáticos, por causa dos seus chifres. Principalmente, por dizerem que depois de pulverizar os chifres, estes serviriam como estimulantes contra impotência. O trecho dizia o seguinte:

O ensino público da ciência tem definhado nos ˙últimos anos. Ao mesmo tempo, as atividades da superstição e da ignorância tem crescido, e os casos de anti-ciência e pseudociência se tornado frequentes. Portanto, medidas efetivas devem ser tomadas o quanto antes para fortalecer o ensino público da ciência. O nível do ensino público da ciência e da tecnologia é um sinal importante do grau de realização científica nacional. É uma questão de importância global para o desenvolvimento econômico, o avanço científico e o progresso da sociedade. Devemos estar atentos a esse problema e implementar o ensino público da ciência como parte da estratégia para modernizar o nosso país socialista e tornar a nossa nação poderosa e próspera. A ignorância jamais é socialista, tampouco a pobreza.

Como disse Carl Sagan:

Assim, a pseudociência nos Estados Unidos faz parte de uma tendência global. É provável que suas causas, perigos, diagnóstico e tratamento sejam semelhantes em toda parte. A Ciência é como uma vela no escuro.

Fontes e referências:

Trecho retirado e adaptado de Renato Sabbatini

https://www.renato.sabbatini.com/correio/ciencia/cp990528.htm, Analfabetismo científico, 1999.

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